Ponta Grossa, PR, 6 (AFI) – No emocionante duelo da Série C do Brasileirão entre Operário-PR e São Bernardo-SP, realizado no Estádio Germano Kruger, uma triste constatação veio à tona: a persistência do racismo nos estádios do Brasil. No final do segundo tempo, o jogo foi abruptamente interrompido devido a uma acusação de racismo envolvendo o lateral Jeferson, do São Bernardo-SP, que saiu do campo visivelmente abalado.
LAMENTÁVEL
À medida que a partida se aproximava de seu desfecho, a atmosfera já carregada nas arquibancadas tornou-se verdadeiramente insustentável quando o árbitro Vinicius Gomes do Amaral (MG) se viu obrigado a interromper o duelo, atendendo ao apelo do jogador Jeferson, do São Bernardo. O atleta alegou ter sido vítima de injúrias raciais, relatando que um torcedor ligado ao Operário-PR direcionou-lhe ofensas racismas, explorando a sua cor de pele como arma de agressão.
No incidente, um homem, de forma agressiva e desrespeitosa, proferiu insultos racistas, chegando a chamá-lo depreciativamente de “preto”, por volta dos 49 minutos do segundo tempo. Chorando, o jogador respondeu ao torcedor afirmando: “sou preto mesmo”, conforme relatado por veículos de imprensa locais. Esse triste episódio ressalta, de maneira perturbadora, que a intolerância racial ainda encontra espaço mesmo no contexto do futebol. Até o fechamento deste texto, não há informações se o responsável pelas agressões foi identificado, denunciado ou preso.
RACISMO É CRIME!
No Brasil, o racismo é tipificado como um crime hediondo e inafiançável. Apesar dessa classificação jurídica, episódios racistas persistem em várias esferas da sociedade, inclusive no cenário esportivo. Nos estádios de futebol, a denúncia de agressões racistas desempenha um papel de extrema importância, principalmente à luz do alarmante aumento das ocorrências de insultos racistas e homofóbicos nos últimos anos.
Ao rejeitarem vigorosamente tais práticas, torcedores, clubes, jogadores e dirigentes não apenas ampliam a voz das vítimas, mas também cultivam um ambiente mais inclusivo e respeitoso, ressaltando que a diversidade é um princípio inabalável no universo esportivo. A denúncia desses atos representa um passo essencial em direção a um futebol e uma sociedade mais equitativos e justos. Em casos de racismo dentro dos estádios, os torcedores podem ajudar na identificação do agressor junto à Polícia Militar.
SÚMULA
Na súmula, o árbitro Vinicius Gomes do Amaral (MG) confirmou o episódio. Confira, abaixo, o relato do árbitro:
“Aos 49 minutos do segundo tempo, paralisei o jogo devido ao jogador de número 02, Sr. Jeferson de Araújo Carvalho, da equipe do São Bernardo FCL, ter me informado que foi ofendido de ‘macaco’, xingamento esse vindo da direção onde se encontrava a torcida da equipe Operário Ferroviário EC. O jogo ficou paralisado por 07 minutos, durante os quais foi realizado o protocolo de racismo, sendo informado e advertido pelo serviço de som do estádio. O atleta foi levado até o chefe do policiamento, onde o mesmo informou o que aconteceu e que ao final da partida registraria o boletim de ocorrência. Informo que recebi no vestiário da equipe de arbitragem o supervisor da equipe São Bernardo FCL, Senhor Daniel Luiz Flumignan, que informou que foi registrado um boletim de ocorrência e solicitou que este fosse anexado à súmula do jogo, porém informei que este documento poderia ser apresentado às autoridades desportivas competentes, caso queiram em momento oportuno. Cumpro informar que a equipe Operário Ferroviário EC afirmou ter apresentado ao atleta e à sua equipe as imagens internas do estádio para tentativa de identificação do suposto autor.”
