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Há 20 anos, acontecia a última ‘final caipira’ do Paulistão em ‘ano mágico’ do São Caetano

Campinas, SP, 19 (AFI) – Mantidos os 21 times para a edição de 2004, a Federação Paulista de Futebol (FPF) alterou o regulamento alongando a competição com relação ao da temporada passada. A fórmula de grupos foi mantida e, embora as principais equipes tivessem motivo de sobra em busca de mais essa conquista, uma nova final caipira foi registrada quando Paulista de Jundiaí e São Caetano derrubaram gigantes na semifinal para se enfrentarem na  decisão.

“Viver aquele momento com o São Caetano foi mágico. O clube vinha de muitos vices e conseguimos levá-lo ao título inédito. O time de 2004 foi fantástico, começou sendo montado pelo Tite, que passou o bastão para o Muricy Ramalho. Ficamos marcados na história do São Caetano. Nos deixa muito orgulhos por poder participar de um momento tão importante para a cidade de São Caetano do Sul”, disse Anderson Lima, em entrevista exclusiva ao repórter Kim Belluco, do Portal Futebol Interior.

As 21 equipes do torneio foram divididas em dois grupos, um de dez e outro de 11 times que se enfrentariam em turno único dentro dessas chaves. Os quatro melhores se classificariam para as quartas, semi e finais, sucessivamente. Os dois últimos times de cada grupo seriam rebaixados, ao passo que apenas um subiria da Série A2, voltando a elite a ter 20 clubes em 2005.

Com apenas oito pontos de 27 possíveis, o Corinthians viveu situação incômoda na competição, escapando do rebaixamento somente na última rodada graças aos gols do atacante Grafite, do São Paulo, na vitória por 2 a 1 no estádio Anacleto Campanella sobre o Juventus. Dentre os principais clubes era quem vivia o pior momento.

Vice-campeão brasileiro e da Libertadores, o Santos completaria 20 anos sem vencer o paulista e tinha time em condições de fazê-lo nessa temporada. Embalado pela volta à elite do futebol brasileiro no anterior, o Palmeiras buscava um título diante dos rivais pela afirmação de um time majoritariamente de garotos formados na base. O São Paulo voltava a disputar a Libertadores da América e embalado pela boa campanha no torneio continental liderou com folga o seu grupo, o 1, na primeira fase do Paulista. Portuguesa Santista, Ponte Preta e União Barbarense também se classificaram nessa chave.

No Grupo 2, porém, estavam todos os semifinalistas do campeonato. O líder Santos foi seguido de perto por Paulista, Palmeiras e São Caetano, este último também envolvido na disputa da Libertadores e que ao lado dos dois líderes do grupo no estadual, passou às oitavas de final da competição.

Com três times entre os melhores da América, as quartas do Paulistão foram empolgantes. O Santos venceu a surpresa União Barbarense apenas por  1 a 0; o Palmeiras teve que virar o placar diante da Portuguesa Santista para vencer por 2 a 1; enquanto o São Caetano surpreendeu o São Paulo em pleno estádio do Morumbi e o Paulista passou pela Ponte Preta na prorrogação. Eram só as primeiras ‘zebras’ do torneio.

Classificados à semifinal para enfrentar Paulista e São Caetano respectivamente, Palmeiras e Santos eram apontados como favoritos a decidir o título do Paulistão em uma final que reuniria talentos promissores de ambos os lados. Nos primeiros jogos, porém, foi ligado o sinal de alerta. Empates por 1 a 1 entre Palmeiras e Paulista e por 3 a 3 entre Santos e São Caetano.

No jogo da volta os chamados ‘caipiras’ consumaram a surpresa. O São Caetano em grande estilo, goleando o Santos de Diego e Robinho por 4 a 0 no Anacleto Campanella, num sábado a tarde. No dia seguinte o Paulista viu o Palmeiras empatar aos 49 minutos do segundo tempo, com gol de falta de Pedrinho, e, mesmo assim, superou o alviverde nos pênaltis por 4 a 3.

“O jogo mais difícil foi o primeiro contra o Santos na Vila Belmiro. Estávamos perdendo por 3 a 1, com um jogador a menos, e fomos buscar o empate. A partir desse momento, a equipe se fortaleceu ainda mais e foi fundamental para a gente buscar o título com um vitória por 4 a 0 no Anacleto Campanella”, completou.

FINAL CAIPIRA

Depois de 14 anos, duas equipes de fora da capital e da Baixada Santista decidiam o título paulista. O São Caetano, do ABC, vinha de dois vice-campeonatos brasileiros, além de um segundo lugar na Libertadores. O Paulista, de Jundiaí, seria campeão da Copa do Brasil no ano seguinte.

Na decisão, dois jogos no Pacaembu, onde o Paulista saiu na frente na primeira partida, mas sofreu um duro revés com a virada aos 31 minutos do segundo tempo e a ampliação da vantagem aos 48 (3 a 1). Na volta, o São Caetano aproveitou os espaços deixados por quem precisava reverter o placar, fez 2 a 0 e conquistou a inédita taça de campeão paulista.

“A ‘final caipira’ foi de muito merecimento. O Paulista passou pelo Palmeiras, mas acho que a nossa trajetória foi um pouco mais difícil. Enfrentamos o São Paulo e passamos daquele Santos, com Robinho, Diego, Elano e companhia. Não era esperado, mas as duas equipes fizeram por merecer. Foram dois grandes jogos”, finalizou Anderson Lima.

Muricy sendo carregado após o título do São Caetano

CAMPANHA DO SÃO CAETANO

15J 9V 5E 1D 31GM 14GS 17SG

PRIMEIRA FASE
21/01/2004 São Caetano 3 x 2 Mogi Mirim
24/01/2004 Santos 1 x 1 São Caetano
28/01/2004 São Caetano 0 x 0 Santo André
01/02/2004 Guarani 1 x 1 São Caetano
08/02/2004 Oeste 2 x 2 São Caetano
15/02/2004 São Caetano 0 x 1 Marília
21/02/2004 São Caetano 1 x 0 Palmeiras
28/02/2004 Ituano 2 x 3 São Caetano
07/03/2004 São Caetano 5 x 1 Paulista
14/03/2004 União São João 0 x 1 São Caetano

QUARTA DE FINAL
20/03/2004 São Paulo 0 x 2 São Caetano

SEMIFINAIS
28/03/2004 Santos 3 x 3 São Caetano
03/04/2004 Santos 0 x 4 São Caetano

FINAIS
11/04/2004 Paulista 1 x 3 São Caetano
18/04/2004 São Caetano 2 x 0 Paulista

JOGO DO TÍTULO

São Caetano 2 x 0 Paulista

Local: Estádio Paulo Machado de Carvalho, Pacaembu;
Data: 18 de abril de 2004;
Publico: 25.221 pagantes;
Renda: R$ 414.320,00;
Árbitro: Sálvio Spínola Fagundes Filho;
Gols: Marcinho 20’ do 1ºT; Mineiro 43’ do 2ºT;

São Caetano: Silvio Luiz; Ânderson Lima, Dininho, Serginho e Triguinho; Marcelo Mattos, Mineiro, Gilberto e Marcinho (Lucio Flavio); Euller (Warley) e Fabrício Carvalho (Fábio Santos).
Técnico: Muricy Ramalho.

Paulista: Marcio; Lucas, Danilo, Asprilla e Galego; Alemão, Umberto (Marcio Mossoró), Ailton (Fábio Mello) e Canindé; Izaias e João Paulo (Davi).
Técnico: Zetti.

NÚMEROS DA COMPETIÇÃO

Jogos: 110
Gols marcados: 359
Média: 3,26 gols por jogo
Artilheiro: Vagner Love, do Palmeiras, 12 gols
Melhor ataque: Paulista (14 jogos), 33 gols marcados
Pior ataque: União Barbarense (10 jogos), 8 gols marcados
Melhor defesa: São Paulo (10 jogos), 7 gols sofridos
Pior defesa: União São João (10 jogos), 35 gols sofridos

*Com informações da FPF.

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